The Day After

No pós eleição o mundo começa a pensar em Obama - e a tratá-lo - como o legítimo líder do país líder do mundo. Dessa forma, todos, embora alguns insistam em negar o fato, de uma forma ou outra, gostando ou não, reconhecem a grandeza do feito de Obama e atestam a liderança mundial da América do Norte.

Lula, dentro das suas possibilidades - e para não nunca esquecer que é um comunista, afinal de contas -, lembra da sonífera ilha, do paraíso comunista de Fidel, aquela que todos amam, mas à uma distância segura, pedindo ao pai Obama que acabe com o bloqueio econômico norte-americano à ilha.

O Ministro das Relações Exteriores da China - a grande China! - lembra ao pai Obama que o assunto Taiwan será levado para a mesa de debates com o país líder do mundo. Isso significa um reconhecimento tácito de que é preciso um aval do líder para mexer nessa abelheira.

O mundo todo festeja e saúda Barack Hussein Obama. Alguns questionam - inutilmente - se Barack ganhou ou se foi Bush que perdeu. Isso agora é irrelevante, não soma nem diminuí um pingo à vitória do candidato democrata. Vida longa ao rei!

Insônia

Madrugada de domingo e eu insone sentado na frente do pc. Vejo as notícias com um certo desinteresse motivado pela certeza que só vou ter mais do mesmo: crise financeira mundial, eleições municipais nas grandes capitais, violência generalizada no Brasil, muita gente dizendo que aqui as coisas vão de bem a melhor. Vão? Aonde?

Minha discrepância é justamente com essa "visão otimista", não sei dizer se só das autoridades, da mídia - que precisa vender, ou porque nós somos mesmo os eternos otimistas de sempre. Fico me sentidindo como o pessimista dos pessimistas, parece que só eu consigo ver o que a maioria não vê, ou. quem sabe?, ando vendo demais.

Pego alguns dos pontos que definem uma sociedade evoluída: educação, segurança, saúde, transportes, justiça, etc, e os indicadores não são bons; apresentam deficiências graves em cada um desses segmentos. A segurança não existe, a justiça é lenta e ineficiente, as estradas são péssimas, o sistema único de saúde está marcando consultas para daqui a dois anos, a educação continua formando analfabetos funcionais.

Enquanto isso nosso presidente acumula índices recordes de aprovação. Soa como se houvesse uma separação entre quem governa e aquilo que o governo - governado por quem governa! - apresenta de resultados. Somos maltratados e adoramos aqueles que nos maltratam. Faz algum sentido pra você?

Muitos dizem que já foi pior. Consolo pequeno, tudo bem, acho que sou eu mesmo, eu e o meu pessimismo. Ou, quem sabe?, só o mau humor provocado por essa insônia... 

Novos ares

Devemos saudar os novos ares que começam a soprar na América Latina. Para quem subestimava a influência do "viejo comandante", coincidência ou não, após a sua substituição no governo da ilha, começamos a presenciar alguma mudanças na política sul-americana.

Depois de algumas mudanças cosméticas nas liberdades concedidas aos ilhéus cubanos - agora, mediante uma pequena fortuna, eles já podem ter, por exemplo, um telefone celular! - o bolivariano e democrático Hugo Chávez solicita que as FARC - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - encerrem a luta armada e libertem todos os reféns em poder da guerrilha.

Segundo Chávez, a época das lutas revolucionárias armadas na América Latina está "fora de ordem". Parabéns! Muito bem presidente! Eu só acrescentaria as ditaduras populistas a essa lista dos "fora de ordem".

Temas próprios em horas impróprias

Acordo no meio da noite. Televisão ligada, como sempre, pego o controle remoto e zapeio buscando o impossível: preencher o tempo com alguma coisa que possa substituir o meu sono. São coisas antagônicas, repousar e despertar. Quem acorda pensa, pensa que deveria estar dorminado e não acordado, pensando.

A programação da televisão não agrada - nenhuma novidade. Num canal, Maria Gabriela, o que dizer sobre a "global star" sem ser ofensivo?, entrevista Contardo Calligaris - será assim que se grafa o nome do eminente psicanalista? A conversa estava até boazinha, mas o programa termina. Começa o pernóstico Manhatan Connection, não, não dá pé.

Venho para o pc. Escrever sempre é uma boa forma de ocupar o tempo, mesmo que seja um tempo tão sagrado como o do nosso (meu) sono. O Calligaris disse no pedaço de programa a que assisti que "os jovens são projeções daquilo que gostaríamos ter sido", ou "educar é uma impossibilidade, pois ensinamos nossos filhos a serem independentes", isto é, fazemos eles nos ouvir dizer que eles devem aprender a não nos ouvir (?).

Lembro da Márcia Tiburi, lembro que gosto dela, suas idéias são claras e instigantes. Mas o que tem isso a ver com o que escrevo aqui e agora? Talvez por ser o posto, um amontoado de idéias obscuras e desinteressantes. Fazer o quê? Nem todos nascem com o dom... Sabem do melhor? Merlhor é ir dormir. Boa noite.

Tem louco para tudo

Li num blog um artigo de um maluco afirmando que a violência no Brasil é mais fruto da mídia do que da realidade. Sem querer ao menos contestar esse tipo de insanidade, o que mais me chamou a atenção não foi a existência desse tipo de texto, eis que, como o título diz, há louco para todos os gostos.

O que me deixou mais bolado foi o fato de que, nos comentários ao referido texto, diversos leitores concordavam totalmente com a idéia insana da insana figura. Dentre os leitores, havia inclusive o de uma professora que solicitava ao autor permissão para levar o "ótimo texto" (sic) para discussão em sala de aula.

Vezes há em que penso que o nosso povo não pensa, não é dotado da menor capacidade de avaliação e crítica. Somos um povo ímpar.

Zeitgeist

Zeitgeist - Etymology: German, from Zeit (time) + Geist (spirit), Meaning: the general intellectual, moral, and cultural climate of an era. O idioma alemão é famoso pela sua capacidade de literalmente definir as palavras. Zeitgeist, o espírito de uma era, foi o termo escolhido pelo mecanismo de busca Google para indicar as palavras mais buscadas pelos internautas em uma determinada época.

No mês de abril, o zeitgeist brasileiro apontava :1. neoliberalismo; 2. dragonfable; 3. dragonballz; 4. cabo frio; 5. mugen; 6. senna; 7. milton neves; 8. congresso nacional; 9. siape; 10. evangeline lilly; 11. sin city; 12. rocky balboa; 13. juanes; 14. dia do amigo; 15. cartão de pascoa; como os termos mais procurados no Google.

Quase tudo compreensível, alguma dúvida sobre a presença de neoliberalismo e siape (sistema integrado de administração do pessoal do governo federal) nessa relação.

Esses números!

Querem ver como é fácil enganar o nosso povo? Leiam a manchete:

"Empregos formais batem recorde e somam 146.141 mil em março
(Fonte: Folha Online)
O saldo entre o total de admitidos e demitidos em março ficou positivo em 146.141 novos postos de trabalho, o melhor resultado já registrado pela série histórica do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho."

Esse número, 146.141 (cento e quarenta e seis mil, cento e quarenta e um), bonito!, o que ele representa? É um bom número? Significa que nesse ritmo vamos acabar com o desemprego no país? Afinal de contas, como diz a notícia, é um número "recorde"!

Para responder a essa questão deve se observar que o número de empregos a ser criados tem que absorver o contingente anual de novos candidatos ao mercado de trabalho e, se há uma pretensão de acabar com o desemprego, absorver parte dos atualmente desempregados. Certo?

Ai que a coisa pega! Com esse número o resultado é esse: aumenta o número dos desempregados, esse número, projetado em termos anuais não é suficiente sequer para absorver o crescimento vegetativo da mão de obra no país.

Então me diga: qual o significado desse "recorde"?